Este espaço deveria ser preenchido por uma frase inteligente e espirituosa.
A configuração do teclado é conseguida redefinindo as tabelas de tradução de códigos gerados pelas teclas em caracteres e carregando fontes de caracteres de écran.
Conforme descrito no Keyboard and Console HOWTO, a configuração da fonte de caracteres e mapa de teclado é feita usando o pacote KBD. Esse pacote é encontrado em todas as distribuições de Linux.
Cada tecla do PC possui um código numérico. Ao pressionarmos uma tecla o processador controlador do teclado envia ao computador esse código de varredura, também conhecido como scancode, junto com um sinal de que a tecla foi pressionada ou solta. Essas seqüências de eventos são então processadas pelo driver de teclado e armazenadas em uma fila de caracteres que é lida pelas aplicações por meio da chamada de funções do sistema operativo.
Um mapa de teclado é um ficheiro de texto onde se colocam as correspondências entre o scancode de tecla e o caractere (ou seqüência de caracteres), que será gerado quando ela for pressionada, chamado keycode.
Por exemplo :
# atribuição da tecla '-' do teclado numérico à tecla com código 74
keycode 74 = KP_Subtract
# atribuição da tecla '4' do teclado numérico à tecla com código 75
keycode 75 = KP_4
# etc...
keycode 76 = KP_5 # tecla 5
keycode 77 = KP_6 # tecla 6
keycode 78 = KP_Add # soma
keycode 79 = KP_1 # tecla 1
keycode 80 = KP_2 # tecla 2
Além das teclas alfabéticas, numéricas e de símbolos, existem outras chamadas modificadoras que permitem gerar códigos que não correspondem a nenhum sinal gráfico. Essas teclas são Shift Control Alt e Meta, sendo que essa última normalmente não é encontrada em teclados de PCs. apenas em estações de trabalho de fabricantes como Sun, SGI, HP e DEC.
O comando loadkeys permite especificar a equivalência entre a tecla que se pressiona no teclado e o código (keycode) que os programas recebem. Isto é conseguido através do carregamento de um mapa de teclado.
Por exemplo, o comando
loadkeys /usr/lib/kbd/keytables/portugal.map
carrega o mapa do teclado português. É importante observar que o sistema tem como formato padrão de teclado o americano. O mapa não precisa obrigatoriamente definir todas as teclas, apenas aquelas cujo tratamento deve ser feito de modo diferente do normal.
Ao atribuirmos um caractere não padrão a uma tecla, precisamos definir
também o efeito de todos os modificadores, o que não é necessário no X. Por
outro lado, podemos definir regras de composição de caracteres, recurso
que foi usado nos mapas aqui sugeridos para permitir que o Ç fosse
gerado pela seqüência 'C
. Os mapas de teclado para o console,
portanto, são mais trabalhosos de elaborar (mas não muito :-) sendo esse o
preço a pagar pela flexibilidade.
Além do comando anterior que opera no sentido teclado <->
aplicação, temos o comando mapscrn que opera no sentido
aplicação <-> écran. Suponhamos que exista o arquivo
/etc/portugal.trad
contendo a seguinte linha:
123 200
Se executarmos o comando
mapscrn /etc/portugal.trad
então a partir deste momento se uma aplicação envia o caracter com o código 123 para o ecran, é o caracter com o código 200 será mostrado.
Embora esse recurso possa realmente ser útil, é muito mais simples (e seguro) carregar uma fonte de caracteres que tenha os caracteres acentuados seguindo o padrão ISO-8859-1 e programar o console para que opere no modo Unicode Latin 1. Veremos como se faz isso logo a seguir.
O comando setfont permite o carregamento de uma fonte de caracteres de ecran, possibilitando a alteração das fontes utilizadas em modo de texto.
O comando a seguir, por exemplo, irá carregar uma fonte com o conjunto Latin-1:
setfont lat1u-16.psf
O comando showfont mostra todos os caracteres existentes na fonte que está atualmente em uso no console.
O X Window System também tem um comanto chamado showfont, que serve para mostrar as características de uma determinada fonte, mas não os caracteres em si. Para esta última finalidade se usa o comando xfontsel. Se o programa showfont do pacote KBD for invocado em um emulador de terminal X, como xterm, ele gerará um erro ``GIO_SCRNMAP: Invalid argument'', mas isso não resultará em nenhum dano.
Para colocar o console no modo Latin-1 permitindo o uso dos acentos e caracteres semigráficos, pode ser usado o comando
echo -n -e '\033B'
Atenção! Versões anteriores deste documento recomendavam o uso do comando
echo -n -e "\\033(K"
mas nas versões 2.* do kernel do Linux esta seqüência não porá o console no nodo Latin-1, mas no modo definido pelo utilizador, o que pode não ter o mesmo resultado.
A ativação do modo Latin-1 dever ser feita para cada terminal virtual, mas
é muito mais fácil criar um arquivo /etc/issue
que contenha as
seqüências de configuração. Isso pode ser feito usando este pequeno
script:
#!/bin/sh
ESC=`echo -n -e '\033'`
echo "${ESC}(B${ESC}[H${ESC}[J${ESC}[37m${ESC}[44m${ESC}[K" > /etc/issue
echo " Welcome to \n (\s \m \r) \l${ESC}[K" >> /etc/issue
echo " \d \t (\U)${ESC}[K" >> /etc/issue
echo "${ESC}[K${ESC}[37m${ESC}[40m" >> /etc/issue
echo >> /etc/issue
Esse arquivo contém seqüências de escape para o agetty, que é usado no Slackware, e faz apresentar no topo da tela um quadro colorido com várias informações úteis. No meu computador, por exemplo, aparece a seguinte mensagem em letras brancas sobre um fundo azul:
Welcome to doncarlo (Linux i586 2.0.33) tty5
Fri Jul 17 1998 03:12:37 (4 users)
Outras distribuições usam programas diferentes para ativar o login do usuário, o que pode obrigar a fazer alterações. Se algum dos leitores tiver um arquivo adequado para outros getty (mingetty, getty-ps, mgetty, etc.) por favor envie-me uma cópia para que seja incluida neste documento.
No Slackware é importante também editar o arquivo /etc/rc.d/rc.S
e comentar as linhas com os comandos que geram um novo /etc/issue
cada
vez que o o sistema é iniciado.
Uma alternativa ao método anterior é colocar no início do
/etc/rc.d/rc.S
a seguinte seqüência de comandos:
# Inicializacao das consolas
#
# activacao do modo de mapeamento Latin-1
#
for tty in /dev/tty[1-9]*
do
echo -n -e "\\033(B" > $tty
done
A seguir é preciso carregar uma fonte que tenha os caractres latinos acentuados no padrão ISO 8859-1 e também os símbolos semigráficos. Isso pode ser feito com o comando
setfont lat1u-16.psf
No Slackware, essas fontes estão no diretório
/usr/lib/kbd/consolefonts
. Dependendo da distribuição esse
diretório poderá ser outro.
Alguém que use Debian, Red Hat ou outra distribuição por favor mande uma mensagem esclarecendo-me!
Para automatizar o processo de carga da fonte foi criado o script
/etc/rc.d/rc.font
, contendo o seguinte:
#!/bin/sh
#
# /etc/rc.d/rc.font
#
# Seleciona uma das fontes de caracteres disponiveis em
# /usr/lib/kbd/consolefonts.
#
setfont lat1u-16.psf
A seguir é necessário carregar o mapa de teclado adequado, o que pode ser feito com o comando
# loadkeys abnt2
No Slackware, esses mapas de teclado estão no diretório
/usr/lib/kbd/keytables
. Dependendo da distribuição esse
diretório poderá ser outro. Os mapas para diversos tipos de teclados são
apresentados mais adiante.
Para automatizar o processo de configuração do teclado foi criado o script
/etc/rc.d/rc.keyboard
, contendo o seguinte:
#!/bin/sh
#
# /etc/rc.d/rc.keyboard
#
# Seleciona um dos mapas de teclado disponíveis no diretório
# /usr/lib/kbd/keytables
#
loadkeys abnt2
e acrescentei as seguintes linhas ao /etc/rc.d/rc.S
,
imediatamente antes do tratamento do /etc/rc.d/rc.keyboard
:
# Carrega uma fonte de caracteres se existe um script rc.font.
if [ -x /etc/rc.d/rc.font ]; then
/etc/rc.d/rc.font start
fi
# Carrega um mapa de teclado se sexiste um script rc.keyboard.
if [ -x /etc/rc.d/rc.keyboard ]; then
/etc/rc.d/rc.keyboard start
fi
Experimente algumas teclas como ",.|!"#$%&/()=?", etc...
Muito bem, agora já temos as teclas no sítio certo (incluindo !#$%&/()=?'{} etc) mas, e os c-cedilhados, a com ~ e outros caracteres acentuados?
Bem, felizmente para nós, o ficheiro de mapa de teclado permite também especificar teclas especiais chamadas deadkeys. Deadkeys são teclas, que, quando presionadas não têm como resultado o aparecimento de um caracter no écran, limitando-se a alterar o comportamento da tecla pressionada a seguir para que, por exemplo, ao ser pressionada a tecla ~ seguida da tecla a, seja provocado o aparecimento de um a-com-til (ã).
Ao contrário do que possa imaginar algum leitor incauto, deadkeys não são aquelas usadas para escrever ghostscripts.
Eis a linha do ficheiro portugal.map
responsável pela definição da tecla
c-cedilhado
:
# atribuição da tecla <tt/c-cedilhado/ à tecla com código 39
keycode 39 = +ccedilla +Ccedilla
Experimente pressionar a tecla c-cedilhado. Em principio poderá ter
aparecido um c-cedilhado
ou um caracter estranho. No segundo caso,
tente não se preocupar com isso, este assunto será tratado mais à frente.
Experimente outras teclas com acentos.
Provavelmente alguns dos caracteres que apareceram no passo anterior não eram exactamente o que estaria á espera. O que acontece, é que, a fonte de caracteres corrente poderá não possuir todos os caracteres de que necessitamos. Vamos entao mudar a fonte de caracteres activa, executando o comando:
setfont latin1u-16
E eis que aparecem os caracteres que todos nós esperávamos.
Mas, e se alguns dos caracteres continuassem a não aparecer? Bem, neste caso, teríamos de convencer o ecran a mostrar os caracteres certos em cada caso. Expliquemos, o que se passaria neste caso, era que a fonte de caracteres não possuia a imagem certa de alguns dos caracteres que desejavamos exibir (o que alias acontecia com a fonte anterior).
Neste caso poderiamos recorrer ao comando mapscrn. Como foi descrito
atrás, o referido comando permite especificar qual o caracter X a ser
exibido no ecran, quando um programa deseja exibir um caracter Y. Desta
forma, poderiamos fazer com que , ao escrever o caracter c-cedilhado
no ecran, fosse na realidade exibido um outro caracter cuja imagem na
nossa fonte de caracteres correspondesse a imagem de um c-cedilhado
.
O comando a ser executado seria :
mapscrn <nome do ficheiro de tabela de tradução>
O ficheiro com a tabela de tradução teria no entanto de ser criado por nós, seguindo um processo moroso de tentativa e erro até encontrar o caracter cuja imagem nós pretendíamos. Ou, de uma forma mais fácil, poderiamos usar o comando showfont.
No entanto nas versões de software por mim testado, o uso deste ultimo comando revelou-se desnecessário. É até recomendável que não se use esse recurso, pois embora ele permita criar uma tabela de caracteres ``personalizada'' em um computador, será difícil que um documento acentuado produzido nessa máquina possa ser lido em outra que não tenha a mesma configuração.